terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O mal entendido


''Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol.'' Pablo Picasso Alegre



Esta semana estava vendo o noticiário  e vi uma reportagem polêmica, sobre uma mãe que havia ganhado na justiça o direito de interromper sua gravidez, devido a um exame que mostrou que seu filho era anencéfalo  (ausência do  cérebro) Não estou julgando ninguém, talvez eu também faria o mesmo... não sei. Quero apenas contar um fato que aconteceu comigo e que lembra esta situação. Estão vendo ele lindo sorriso aí embaixo, este menino é o meu filho Phillipe Eduardo, hoje ele está com quinze anos de idade, mas quando eu estava no oitavo mês de gestação e em um exame de ultrassom acusou que ele era anencéfalo. Lembro como se fosse hoje, a cama sendo retirada do meu quarto e a notícia através de uma médica, seu filho é anencéfalo, ele não tem o cérebro, vai nascer todo deformado e vai viver  no máximo uma semana. Considerando a gravidez e alguns fatos que estavam acontecendo na minha vida, aquilo foi a gota d'água  meu mundo foi abaixo, fiquei sem chão, fui pra sala de parto chorando e pedindo a DEUS força para suportar mais aquela situação e assim que ele nasceu eu não quis vê-lo. Escutei uma pessoa da equipe médica me dizendo, olha ele não é deformado, mas só o fato de pensar que ele morreria em seguida, não quis vê-lo naquele momento. Abri os olhos e vi de relance alguém levando ele nos braços para fora do quarto, ele estava sendo transferido para o hospital infantil de Vitória, cidade onde ele nasceu e mora até hoje. Assim que tive alta fui visitá-lo no hospital e então fiquei sabendo do médico que o operou, que ele não era anencéfalo, ele tinha cérebro. O seu problema era hidrocefalia (acúmulo de água no cérebro) e que através de colocação de uma válvula de derivação,  ele viveria até  quando fosse possível, desde que  com alguns cuidados importantes. Infelizmente no próprio hospital ele contraiu infecção e daí vieram as sequelas, baixa visão, falta de coordenação motora, epilepsia  etc...O que eu   quero dizer é o seguinte:  Basear uma vida em exames e conclusões médicas é pouco para se determinar uma morte. Os exames e médicos falham e muito, nos últimos dias o que mais vemos são erros médicos. Graças a DEUS que em alguns casos eles errem, mas alguns casos o erro é fatal. Então é preciso pensar bem antes de tomar tais decisões. Embora o Phillipe Eduardo não seja uma pessoa completa devido suas limitações, não acho que eu ou ninguém teria o direito de tirar dele seus quinze, vinte , trinta ou mais anos de vida. A nossa responsabilidade é fazer desses seus anos de vida , a mais tranquila possível, afinal ele não pediu para ser gerado. Como disse antes não estou julgando ninguém, esses casos é muito complicado porque envolve uma série de coisas, como a saúde da mãe e precisa ser vista com mais responsabilidade e carinho. Hoje eu não deixaria de ver o meu filho, mesmo que tivesse um dia de vida ou poucas horas, mas naquele momento estava transtornada, não era o melhor momento para se tomar decisão definitiva.


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