''Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol.'' Pablo Picasso
Esta
semana estava vendo o noticiário e vi uma reportagem polêmica, sobre
uma mãe que havia ganhado na justiça o direito de interromper sua gravidez, devido a um exame que mostrou que seu filho era anencéfalo
(ausência do cérebro) Não estou julgando ninguém, talvez eu também
faria o mesmo... não sei. Quero apenas contar um fato que aconteceu
comigo e que lembra esta situação. Estão vendo ele lindo sorriso aí
embaixo, este menino é o meu filho Phillipe Eduardo, hoje ele está com
quinze anos de idade, mas quando eu estava no oitavo mês de gestação e
em um exame de ultrassom acusou que ele era anencéfalo. Lembro como se
fosse hoje, a cama sendo retirada do meu quarto e a notícia através de
uma médica, seu filho é anencéfalo, ele não tem o cérebro, vai nascer
todo deformado e vai viver no máximo uma semana. Considerando a
gravidez e alguns fatos que estavam acontecendo na minha vida, aquilo
foi a gota d'água meu mundo foi abaixo, fiquei sem chão, fui pra sala de
parto chorando e pedindo a DEUS força para suportar mais aquela
situação e assim que ele nasceu eu não quis vê-lo. Escutei uma pessoa da
equipe médica me dizendo, olha ele não é deformado, mas só o fato de
pensar que ele morreria em seguida, não quis vê-lo naquele momento. Abri
os olhos e vi de relance alguém levando ele nos braços para fora do
quarto, ele estava sendo transferido para o hospital infantil de
Vitória, cidade onde ele nasceu e mora até hoje. Assim que tive alta fui
visitá-lo no hospital e então fiquei sabendo do médico que o operou,
que ele não era anencéfalo, ele tinha cérebro. O seu problema era
hidrocefalia (acúmulo de água no cérebro) e que através de colocação de
uma válvula de derivação, ele viveria até quando fosse possível, desde
que com alguns cuidados importantes. Infelizmente no próprio hospital
ele contraiu infecção e daí vieram as sequelas, baixa visão, falta de
coordenação motora, epilepsia etc...O que eu quero dizer é o seguinte:
Basear uma vida em exames e conclusões médicas é pouco para se
determinar uma morte. Os exames e médicos falham e muito, nos últimos
dias o que mais vemos são erros médicos. Graças a DEUS que em alguns
casos eles errem, mas alguns casos o erro é fatal. Então é preciso
pensar bem antes de tomar tais decisões. Embora o Phillipe Eduardo não
seja uma pessoa completa devido suas limitações, não acho que eu ou
ninguém teria o direito de tirar dele seus quinze, vinte , trinta ou
mais anos de vida. A nossa responsabilidade é fazer desses seus anos de
vida , a mais tranquila possível, afinal ele não pediu para ser gerado.
Como disse antes não estou julgando ninguém, esses casos é muito
complicado porque envolve uma série de coisas, como a saúde da mãe e
precisa ser vista com mais responsabilidade e carinho. Hoje eu não
deixaria de ver o meu filho, mesmo que tivesse um dia de vida ou poucas
horas, mas naquele momento estava transtornada, não era o melhor momento
para se tomar decisão definitiva.
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